Atividade humana coloca em risco botos cor-de-rosa na Amazônia

   
Atividade humana coloca em risco botos cor-de-rosa na Amazônia
Imagem: Jose Luis Mena


Pesquisadores da Universidade de Exeter, na Inglaterra, e da organização de conservação Pro Delphinus, do Peru, realizaram um estudo observacional de golfinhos da espécie Inia geoffrensis – mais conhecidos como botos-cor-de-rosa – na Amazônia peruana. 

Com um satélite pop-up, os cientistas rastrearam oito indivíduos dessa espécie, e concluíram que os animais estão ameaçados por barragens, dragagem e pesca na região.

Os botos-cor-de-rosa são mamíferos aquáticos que habitam as águas dos rios amazônicos do Brasil, da Bolívia, da Venezuela, da Colômbia, do Equador e do Peru. A espécie está classificada como ameaçada de extinção na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).

Publicada no periódico Oryx na segunda-feira (3), a pesquisa aponta que, em média, 89% da área em que os botos vivem é usada para pesca. Além disso, os mamíferos foram encontrados relativamente próximos à área estudada: eles estavam a cerca de 252 km de uma barragem e a 125 km de um local de dragagem.

Por mais que essas sejam distâncias significativas, as áreas em que os golfinhos vivem abrangem mais de 50 km em média, e barragens e dragagens podem afetar grandes extensões de habitats fluviais. O estudo também alerta que muitos botos da Amazônia vivem ainda mais perto desses locais com atividade humana do que os sete machos e a fêmea acompanhados pelos pesquisadores.

“Está claro que o boto do rio Amazonas está enfrentando ameaças crescentes de humanos”, disse a Dra. Elizabeth Campbell, do Centro de Ecologia e Conservação do Campus Penryn de Exeter, em nota. “A pesca pode acabar com as populações de presas dos golfinhos, e os golfinhos também correm o risco de morte intencional e captura acidental.”

De acordo com Campbell, a captura acidental tem sido uma ameaça para esses mamíferos nos últimos 30 anos, mas não há dados reais sobre quantos são capturados por ano.

A construção de barragens, principalmente no Brasil, é uma ameaça à expansão. Atualmente, existem 175 delas em operação ou em construção na Bacia Amazônica, e mais de 428 estão planejadas para os próximos 30 anos. Além disso, o projeto para a Hidrovia Amazônica foi aprovado.

Essas construções envolvem locais de dragagem em quatro cursos de água importantes da Bacia Amazônica, além da expansão de portos para facilitar a navegação de navios nos rios Amazonas, Ucayali e Marañón. Isso prejudica os animais aquáticos; mas, segundo os pesquisadores, o governo peruano ainda pode proteger a biodiversidade.

“O Peru tem a chance de preservar seus rios de fluxo livre, mantendo-os como um habitat seguro e saudável para botos e muitas outras espécies”, disse Campbell. “Dado que muitas dessas barragens e projetos de dragagem ainda estão em fase de planejamento, aconselhamos o governo a considerar os efeitos negativos que essas atividades já tiveram sobre as espécies fluviais em outros lugares.”

Para a autora, programas de rastreamento de golfinhos fluviais devem ser expandidos para abranger diferentes estações do ano e checar melhor a quantidade de fêmeas em locais de estudo. A pesquisadora também destaca a importância de aumentar o número rastreado de botos em outras áreas a fim de aprofundar o conhecimento dos padrões de movimento dessa espécie.

Fonte: Revista Galileu

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