Pesquisa sobre bioincrustação alerta sobre danos causados ao meio ambiente

pesquisa-bioincrustação
Imagem: Marinha Mil.


Instituto de Estudos da Marinha alerta para os riscos desses organismos presentes no mar.

O Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira (IEAPM) desenvolve, desde a década de 1980, uma pesquisa pioneira sobre a ocorrência de bioincrustação em superfícies submersas. Este fenômeno ocorre quando há o acúmulo de organismos aquáticos, tanto microscópicos quanto macroscópicos, em estruturas que ficam o tempo todo abaixo da linha d´água, como navios, plataformas de petróleo e píeres.

Conforme afirma o Chefe do Departamento de Biotecnologia Marinha e Coordenador do Curso de Biotecnologia Marinha no IEAPM, Doutor Ricardo Coutinho, a bioincrustação é algo custoso e danoso ao nosso planeta. “O aumento do casco dos navios por conta dos organismos grandes como cracas, algas, mexilhões, os quais produzem uma posterior resistência na água e ao movimento do navio, faz com que haja maior consumo de combustível para navegar, aumentando a emissão de gases poluentes na atmosfera, em especial o gás carbônico, propiciando o aumento do efeito estufa, sendo esse o grande impacto ambiental causado pela bioincrustação em nível global”, ressalta.

Para tentar amenizar os efeitos causados, o instituto realiza pesquisas com tintas anti-incrustantes, com o intuito de avaliar sua eficiência na prevenção da bioincrustração. Esses testes são feitos em condições controladas em dois locais específicos: na ilha de Cabo Frio, no Rio de Janeiro, sendo este considerado um ambiente oceânico de grande qualidade da água; e na Baía de Guanabara, também no Rio de Janeiro, simulando um ambiente denominado pelos pesquisadores como “eutrofizados”, ou seja, com uma grande produção orgânica de microrganismos.

“Esses dois pontos são as nossas referências, então nós fazemos os testes das tintas anti-incrustantes para avaliar a eficiência delas no controle da bioincrustação. Esses testes são feitos desde 1987 e, portanto, nós temos um histórico de eficiência ao longo de décadas, o que é muito importante para toda nova tinta que é lançada no mercado, pois, dessa forma, podemos avaliar a eficiência comparando com os resultados anteriores”, declara Coutinho.

No IEAPM também são realizados testes de novas tintas por meio da utilização de compostos extraídos de organismos marinhos, que são menos tóxicos do que os biocidas usados nas tintas comerciais. Com esses estudos, busca-se ter uma tinta que cause menos dano ao meio ambiente. Por muitos anos, os navios foram pintados com tintas à base de um composto químico chamado “tributil”, que, após pesquisas, foi banido e proibido, em 2003, pela Organização Marítima Internacional, por ser nocivo ao meio ambiente.

Segundo o pesquisador, a busca de uma alternativa com uso de produtos naturais é um dos grandes objetivos a serem alcançados, não só para melhorias ambientais, mas também por questões de saúde pública. “Nós tentamos desenvolver, com a utilização desses compostos orgânicos, outros aspectos relacionados também à saúde humana, assim, temos compostos que podem ser utilizados na farmacologia, na luta contra o câncer, anti-HIV, ou seja, uma gama de aplicações biotecnológicas que podemos usar além dessa linha de pesquisa”, explica.

Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira

Criado em 1971, com o nome de “Projeto Cabo Frio”, e instalado efetivamente em Arraial do Cabo (RJ), em 1974, tinha, dentre os seus propósitos, ser uma universidade do mar, onde estudantes das diferentes profissões adquiriram conhecimentos oceanográficos necessários a eles, visando à materialização da ideia do Almirante Paulo Moreira, de conscientizar a juventude sobre a importância do oceano para a vida e para o futuro.

Já em 1984, foi criado o Instituto Nacional de Estudos do Mar (INEM), que, aproveitando os trabalhos realizados, os pesquisadores e as instalações do projeto, destinava-se a assegurar e racionalizar os estudos necessários ao conhecimento e à utilização do oceano e das águas interiores nacionais. Porém, somente em março de 1985, em homenagem ao seu idealizador, o instituto recebeu sua denominação atual, o qual visa planejar e executar as atividades de pesquisa e desenvolvimento científico e tecnológico nas áreas de oceanografia, meteorologia, hidrografia, geologia e geofísica marinhas, instrumentação oceanográfica, acústica submarina e de engenharia costeira e oceânica.

Organização Marítima Internacional
A Organização Marítima Internacional estabeleceu, em 2018, um projeto para implantar diretrizes internacionais para reduzir ou controlar a bioincrustação em diferentes estruturas submersas, principalmente em navios, a fim de minimizar, também, os prejuízos econômicos e ambientais. O projeto teve, ainda, o intuito de reduzir a presença de outras espécies invasoras em novos ambientes marinhos.

O Doutor Ricardo Coutinho e sua equipe são os coordenadores nacionais de implementação desse projeto. Por meio deles são realizados cursos associados ao controle da bioincrustação para vários setores, como indústria naval e universidades. Também são produzidos levantamentos dos impactos causados pelas espécies invasoras em diferentes atividades do setor naval e todos os critérios estão de acordo com a comunidade internacional.

O professor enxerga grandes possibilidades de pesquisas e estudos futuros sobre o tema, pois a região de Arraial do Cabo possui uma grande biodiversidade. “Aqui temos a presença de água muito fria, com espécies únicas para as características dessa temperatura; águas com tendências tropicais; e também ambientes com águas mais quentes. Isso faz de Arraial do Cabo uma das maiores biodiversidades da costa brasileira, com um enorme potencial biotecnológico a ser explorado, sendo, inclusive, uma das razões da existência do próprio Instituto aqui nessa região”, ressalta.

Fonte: Marinha Mil.

Conteúdo publicitário

Ative o sininho para receber as notificações!

close
Respeitamos sua privacidade e segurança

É por isso que este site não contém anúncios nocivos. Somente conteúdo confiável é exibido aqui.

Nosso site só é possível exibindo anúncios para nossos visitantes.
Por favor, considere apoiar-nos desativando seu bloqueador de anúncios.
back to top