Expedição entra em ação pelo resgate e conservação do Rio Pará em Minas Gerais

           
Expedição entra em ação pelo resgate e conservação do Rio Pará em Minas Gerais
*O Rio Pará é o 4º maior afluente do São Francisco / Edésio Ferreira/EM/D.A Press)
 
MG - O Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Pará começa hoje uma expedição que vai percorrer todo o rio até o dia 19 de maio, com ações nas comunidades, para lutar pela sua conservação resgatando o sentimento de pertencimento entre a população e o manancial tendo como lema: "Esse rio é meu".

Nos 365 quilômetros de extensão da nascente à foz, a qualidade e a quantidade de água são problemas que afligem a população de 900 mil habitantes, 463 mil só no canal principal, sem contar os afluentes. De acordo com o Monitoramento da Qualidade das Águas Superficiais do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), do segundo semestre de 2022, das seis estações de monitoramento instaladas no manancial, três extrapolam o nível mais crítico de tolerância a poluentes da legislação brasileira, sendo que todos os postos de medição apresentaram parâmetros dentro do pior patamar aceito.

Para Edmilson Monteiro, servidor público que mora e pesca em São Gonçalo do Pará, um dos problemas é o lixo e esgotamento sanitário das cidades, que vão parar no rio. Ele, contudo, afirma que os avanços na coleta de esgoto em algumas cidades e a remoção de dragas de areia melhoraram a saúde do rio. 
            
Expedição entra em ação pelo resgate e conservação do Rio Pará em Minas Gerais

"Apareceram até peixes diferentes, que não havia antes aqui, como o corta-linha e a piapara. Antes, só pacú e curimba. É melhorar, que o rio sente. O cheiro de esgoto diminuiu. Tem de cuidar do lixo”, observa.

Mas ainda há muito que melhorar. O Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama) estabelece a classe 3 de águas como o nível mais crítico de poluição aceitável. Mas excederam esses patamares as amostragens de coliformes totais em Carmópolis de Minas, Cláudio, Itaguara, Conceição do Pará e Pitangui e de fósforo total de Carmópolis de Minas, Cláudio, Itaguara, Martinho Campos e Pompéu. Nesse nível, o contato com as águas não é recomendado.

Segundo o histórico de relatórios do Igam, os coliformes são um forte indicativo de esgoto doméstico nas águas do Rio Pará. "São um grupo de bactérias que incluem a Escherichia coli (E. coli) e outras bactérias presentes no trato gastrointestinal de humanos e animais", informa a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA). A contaminação pode causar em pessoas em contato com essa água, segundo a ANA, doenças de pele, infecções gastrointestinais, cólera, hepatite A, giardíase, problemas renais e do fígado.

Já a alta concentração de fósforo se enquadra na classe 3, o pior índice dentro da tolerância ambiental do Conama e que exige uma série de etapas de tratamento para consumo humano, as amostras continham também ferro dissolvido e manganês.

Esse aumento pode causar "a redução da transparência da água, a morte de peixes e outros organismos aquáticos, além de afetar a qualidade da água para consumo humano, podendo levar a um aumento descontrolado da população de algas e outros organismos aquáticos (eutrofização)." As fontes para a alta concentração de fósforo são várias, como esgotos domésticos e industriais, uso de fertilizantes, práticas inadequadas de manejo de resíduos sólidos e atividades mineradoras, segundo a ANA.

O manganês foi detectado em Carmópolis de Minas, Cláudio e Itaguara, e, segundo a ANA, altas concentrações do mineral podem levar a distúrbios neurológicos e motores, como tremores, fraqueza muscular e problemas de equilíbrio, especialmente em crianças. Também pode afetar a função hepática e renal e alterar os níveis de hormônios tireoidianos.

A alta concentração de ferro dissolvido pode afetar tanto a fauna e a flora aquáticas quanto a qualidade da água para consumo humano. "O ferro em excesso pode causar a acidificação do meio aquático, afetando a disponibilidade de oxigênio para os organismos vivos e causando a morte de peixes e outros organismos aquáticos", segundo o Ibama. Os altos níveis foram encontrados em amostras de Carmo do Cajuru, Conceição do Pará, Divinópolis, Martinho Campos, Passa Tempo, Pitangui e Pompéu.

De acordo com o presidente do CBH Rio Pará, José Hermano Oliveira Franco, as pessoas estavam se desligando do rio e isso impede ações mais coordenadas. "Ninguém sabia onde era a nascente e a foz. Precisamos que as pessoas voltem a olhar para o rio como parte delas", afirma. Segundo Franco, o governo do estado pode ajudar com investimentos, com conhecimento, com fiscalização, mas cabe igualmente aos municípios essa responsabilidade.

"Qualidade das águas é uma responsabilidade compartilhada. Um dos objetivos da expedição é trazer soluções. Muitas vezes não há recursos para uma Estação de Tratamento de Esgoto para tratar todo o município, mas podemos melhorar a situação com saneamento rural. Temos, por exemplo, mais de 300 soluções individuais para esgoto que queremos mostrar e onde se implanta serve de exemplo dentro da bacia, tanto para o esgoto quanto para outros fatores", disse.

A Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Semad) informou que as fiscalizações ambientais são realizadas para garantir que as atividades estejam em conformidade com as leis e regulamentações. "Quando a fiscalização identifica atividades irregulares, são tomadas medidas necessárias para interromper a operação, com aplicação de multas, suspensão das atividades e apreensão dos equipamentos utilizados.

A reportagem do Estado de Minas estará acompanhando a expedição.

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