Capital da Finlândia terá energia a partir de ilhas artificiais sustentáveis

                                    

O Hot Heart (Coração Quente) é um aglomerado de ilhas projetado para armazenar energia térmica para a cidade de Helsinque, capital da Finlândia. Este aglomerado de ilhas artificiais será um centro recreativo de armazenamento de calor que irá descarbonizar os sistemas de aquecimento da capital finlandesa até 2030

Com um nome extravagante e um propósito peculiar, o ‘Coração Quente’, projetado pelo escritório de arquitetura italiano Carlo RattiAssociati é provavelmente a maior intervenção de infraestrutura desse tipo. Localizadas ao largo da costa de Helsinque, as ilhas foram projetadas para armazenar energia térmica para os meses de inverno na capital, além de abrigar florestas tropicais artificialmente sustentadas e ecossistemas variados de todo o mundo para servir como um vasto e novo espaço público de lazer.
                                  

*O arquipélago é formado por dez bacias flutuantes, das quais quatro abrigariam florestas tropicais e ecossistemas variados. Imagem: Cortesia de Squint/Opera

Vencedor do Helsinki Energy Challenge, organizado pelo município de Helsinque com o objetivo de acelerar a transição da cidade para a neutralidade de carbono no aquecimento até 2030, o Hot Heart é aclamado como uma intervenção modular e adaptável que pode ser replicada por outras cidades com condições climáticas semelhantes. Helsinque enfrenta meses particularmente frios com temperaturas caindo para -20 graus, incorrendo em demandas de aquecimento estimadas em 6.000 GWh.

As ilhas são projetadas para cobrir toda a demanda sem a carga adicional de quaisquer emissões de carbono, a um custo anunciado como sendo aproximadamente 10% menor do que os métodos convencionais atuais.

Todo o sistema funciona com sofisticação e em conjunto como uma gigantesca bateria térmica, onde o calor do excesso de energia renovável, gerado a baixo custo ou compensado negativamente, é armazenado em um conjunto de 10 bacias cilíndricas subaquáticas, cada uma medindo 225m de diâmetro.

O calor armazenado é retirado dos tanques para alimentar as redes de distribuição de calor da cidade durante o inverno. Tornar este projeto verdadeiramente único e multidimensional é sua disposição projetada para dobrar como uma extensão do espaço público acessível de Helsinque, abrindo uma avenida sem precedentes para a cidade em direção ao mar.

Além de suas propriedades de armazenamento térmico, quatro das 10 bacias de água quente são encerradas em cúpulas que abrigam “florestas flutuantes”, destinadas a proporcionar à cidade de Helsinque e seus residentes uma experiência climática independente, em oposição ao frio nativo.
                          

*A intervenção também pretende servir como uma extensão do espaço público de Helsinque.

Além disso, as florestas abrigadas dentro das cúpulas são sustentadas de maneira cíclica pelo calor natural fornecido pelas bacias flutuantes abaixo. O uso da poderosa tecnologia LED foi concebido para ajudar a manter as temperaturas ideais para o desenvolvimento da floresta amazônica e para fornecer espaços públicos termicamente confortáveis para clientes e viajantes.
                                             

*Uma sauna pensada dentro do Coração Quente com a ajuda do calor armazenado nas bacias internas

O design e a operação das bacias de armazenamento de calor revelam outra camada de tecnologia sofisticada que certamente irá confundir e deixar perplexos em antecipação. Auxiliado por inteligência artificial, o conceito central do projeto visa usar bombas de calor de água do mar para converter energia eólica, solar e outras formas de energia em calor, que é armazenado nos reservatórios do Hot Heart. A IA ajuda a operar de forma síncrona a produção e o consumo de energia térmica, destinada a estabilizar a rede elétrica nacional em relação à oferta flutuante.

“A produção de energia renovável está ficando mais barata, mas o armazenamento ainda é extremamente caro. Nossa ideia é usar as gigantescas ‘baterias térmicas’ para armazenar energia quando os preços estão em níveis baixos ou mesmo negativos, e extraí-la quando exigido pelo sistema de aquecimento urbano quando a demanda é alta. Este modelo também seria aplicável a muitas cidades costeiras com climas semelhantes”, afirma Carlo Ratti. 

Sobre os aspectos mais suaves de seu mega design, ele afirma que Hot Heart “oferece uma experiência única, reunindo os mundos natural e artificial. É inspirado no conceito finlandês de JokamiehenOikeudet, que pode ser traduzido como 'o direito de cada pessoa': o direito de refletir e relaxar enquanto desfruta da natureza em paz.”

O projeto é formado como uma colaboração entre equipes interdisciplinares, incluindo CRA, Ramboll, Transsolar, DanfossLeanheat, Schneider Electric, OP Financial Group, parceiros da Schlaichbergermann e Squint/Opera.

Atualmente em fase de planejamento mestre, o Hot Heart está projetado para ser totalmente implementado em Helsinque até 2028.

Imagens: Cortesia de CRA: Carlo Ratti Associati