The Guardian - “As máquinas estão chegando e vão pegar seu trabalho”. Esse tem sido um refrão familiar ao longo dos anos, remontando aos luditas (pessoas que se opunham à industrialização intensa e à tecnologia), no início do século XIX.
No passado, mudanças drásticas na tecnologia substituíram empregos mal pagos por um número maior de empregos bem pagos. Desta vez, com a chegada da inteligência artificial, há quem ache que será diferente.
Os governos sabem que, mesmo no melhor dos casos, a IA causará grandes perturbações nos mercados de trabalho, mas estão se enganando se acham que têm anos para encontrar uma resposta adequada. Como disse o empresário de tecnologia Mihir Shukla no recente Fórum Econômico Mundial em Davos: “As pessoas continuam dizendo que a IA está chegando, mas ela já está aqui”.
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Os desenvolvimentos em aprendizado de máquina e robótica estão avançando rapidamente, enquanto o mundo está preocupado com a pandemia, a inflação e a guerra.
A IA representa para a quarta revolução industrial o que a máquina giratória e a máquina a vapor representaram para a primeira no século XVIII: uma tecnologia transformadora que remodelará fundamentalmente as economias.
A mudança não acontecerá da noite para o dia, mas, como aconteceu nas revoluções industriais anteriores, será dolorosa para os afetados, como será para milhões de trabalhadores.
Máquinas vão substituir pessoas criativas também
Anteriormente, as máquinas substituíram o trabalho manual, deixando para os humanos trabalhos que exigiam habilidades cognitivas. Os avanços na IA – simbolizados pelo ChatGPT – mostram que as máquinas agora podem ter uma boa chance de fazer coisas criativas também.
ChatGPT é uma máquina que pode escrever de forma inteligente. Solicitado a criar uma versão do discurso de Abraham Lincoln em Gettysburg no estilo de Donald Trump, ele pesquisará na web por material de origem adequado e gerará conteúdo original.
Lançado pelo laboratório de pesquisa OpenAI, com sede em São Francisco, em novembro do ano passado, o ChatGPT conquistou seus 100 milhões de usuários em 60 dias. Por outro lado, o Facebook levou dois anos para atingir o mesmo marco.
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Outros novos produtos virão. O número de patentes de IA aumentou 30 vezes entre 2015 e 2021, de acordo com um relatório da Universidade de Stanford, na Califórnia. Os robôs estão se tornando cada vez mais baratos e sofisticados.
A história sugere que mudanças tecnológicas profundas apresentam desafios significativos para os formuladores de políticas. Cada uma das três revoluções industriais anteriores teve um impacto inicial semelhante: eliminou empregos em toda a economia, levou a um aumento da desigualdade e a um declínio na parcela da renda destinada ao trabalho.
A IA ameaça ter exatamente os mesmos efeitos, mas com uma diferença fundamental. Se não forem controlados, os proprietários das novas máquinas ganharão enormes somas de dinheiro com suas inovações.
O capital verá sua parcela da renda aumentar à custa do trabalho. Haverá um esvaziamento de alguns setores da economia, mas haverá crescimento do emprego em outros setores.
A diferença desta vez é que os empregos de maior risco serão os de colarinho branco e de classe média, enquanto muitos dos empregos criados podem ser de baixa remuneração e sem saída. Como Shukla observou em Davos, os dias dos humanos que processam pedidos de hipoteca já estão contados.
Educar e treinar os humanos para explorar a tecnologia
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Mas o que quer que façam, os formuladores de políticas precisam agir com cuidado e rapidez. O economista Joseph Schumpeter popularizou uma frase para descrever como o capitalismo se reinventa periodicamente. Ele chamou isso de destruição criativa, e esse processo está em seus estágios iniciais agora.
