O Dr. Christian Sandrock, vice-chefe da divisão de medicina interna da UC Davis Health em Sacramento, Califórnia, é especialista em doenças infecciosas, pesquisa extensivamente a gripe aviária.
Embora a gripe aviária seja contagiosa, o Dr. Sandrock não acredita que represente um perigo grave para os seres humanos.
“É predominantemente uma doença de pássaros”, disse ele à Fox News Digital em entrevista.
"É muito comum entre as aves aquáticas selvagens em todo o mundo e pode passar para as aves domesticadas, principalmente perus e galinhas. Também pode infectar suínos e muitos outros animais", disse ele.
Profissionais não descartam a possibilidade de transmissão humana
Sandrock confirmou que as pessoas podem contrair a gripe aviária - e é possível que adoeçam ou até morram - mas disse que o vírus teria que mudar de alguma forma para se tornar altamente contagioso entre os humanos.
O risco de contágio aumenta quando uma cepa da gripe aviária se mistura com outro vírus da gripe que é mais "amigo do ser humano", um processo chamado rearranjo genético, disse ele. O resultado final é um novo vírus mais forte e fácil de transmitir.
"Um único vírus pode passar de um pássaro para um ser humano - mas a ameaça real é quando você lança um ou dois outros vírus de porcos ou humanos, e isso prepara o cenário", disse o Dr. Sandrock.
"O vírus influenza é excelente em mutação e recombinação."
Erica Susky, uma profissional certificada de controle de infecções com sede no Canadá, não descarta a possibilidade de transmissão humana.
"O vírus influenza é excelente em mutação e recombinação", disse ela. “Se houver contatos repetidos entre espécies que podem ser infectadas por um tipo de cepa viral da gripe ou outra, há uma chance maior de uma nova cepa que pode se adaptar à transmissão em uma espécie diferente, como os humanos”.
Embora ainda seja raro os humanos pegarem gripe aviária, a taxa de mortalidade é alta se isso acontecer.
Em uma coletiva de imprensa virtual no início deste mês, a Dra. Sylvie Briand, diretora do departamento de doenças epidêmicas e pandêmicas da Organização Mundial da Saúde (OMS), disse que quando os humanos são infectados, eles têm maior probabilidade de ter doenças graves.
"Está entre uma taxa de letalidade de 30 a 50%, mas, novamente, esses vírus não são muito transmissíveis", disse o Dr. Briand.
Até o momento, o CDC identificou cinco cepas de gripe aviária que infectaram humanos: H5N1, H6N1, H7N9, H9N2 e H10N3. A cepa que atualmente está causando o maior impacto na população de aves é o H5N1.
Até o momento da publicação, houve apenas um caso humano de gripe aviária H5N1 nos EUA.
Infecções em mamíferos de gripe aviária têm sido recorrentes
"Nas últimas semanas, houve vários relatos de mamíferos - incluindo visons, lontras, raposas e leões marinhos - infectados com a gripe aviária H5N1", disse o diretor-geral da OMS, Dr. Tedros Adhanom Ghebreyesus, durante uma coletiva de imprensa.“O H5N1 se espalhou amplamente em aves domésticas e selvagens por 25 anos, mas o recente alastramento para mamíferos precisa ser monitorado de perto”.
Lisa Steele, dona de uma fazenda no Maine que cuida de seu próprio rebanho de galinhas no quintal, está de olho no surto de gripe aviária.
"A gripe aviária não é novidade - ela circula a cada poucos anos - mas geralmente ocorre apenas durante a temporada de migração de pássaros selvagens", disse ela à Fox News Digital por e-mail.
"No ano passado, os casos continuaram praticamente o ano todo. É um pouco preocupante que o clima quente não pareça resultar em um número reduzido de casos."
As pessoas que encontrarem uma ave doente ou morta devem evitar tocá-la e entrar em contato com as autoridades locais.
O surto de gripe aviária reduziu a produção de ovos, fazendo com que os preços subissem para níveis recordes em 2022.
O Departamento de Agricultura dos EUA informou que, até o final de dezembro de 2022, mais de 43 milhões de galinhas poedeiras morreram como resultado do H5N1.
O que deve ser feito para minimizar a propagação
Susky disse que o maior risco de transmissão é o contato direto com aves infectadas durante o processo de abate e preparação.“A melhor maneira de minimizar o risco é evitar o contato com pássaros e animais selvagens”, disse ela à Fox News Digital por e-mail.
“Aqueles que trabalham com pássaros ou outros animais, como na agricultura, devem ser treinados no uso de equipamentos de proteção para minimizar a exposição potencial a ferimentos de animais, fluidos e aerossóis – por exemplo, de cama e rações sujas”, disse Susky.
“Isso pode incluir lavagem das mãos, desinfetantes adequados, luvas, aventais, proteção para os olhos, protetores de botas, máscaras e instalações adequadas para fornecer o máximo de trocas de ar”.
Como a doença se espalha por meio de pássaros selvagens e aquáticos, Steele disse que é importante manter os alimentadores de pássaros longe de galinheiros ou aviários, ou eliminá-los completamente se houver casos ativos na área.
“Os criadores de galinhas de quintal devem tomar mais precauções, como manter suas galinhas dentro de casa ou sob coberturas para protegê-las de excrementos de pássaros, que também podem espalhar o vírus”, disse ela.
As pessoas que se depararem com uma ave doente ou morta devem evitar tocá-la e entrar em contato com as autoridades locais.
“Os sinais de que um animal está em perigo incluem comportamento anormal, ser dócil com humanos e ser encontrado em lugares onde normalmente não estaria”, disse JD Bergeron, CEO da International Bird Rescue em San Francisco, à Fox News Digital.
