Criador do Museu do Índio, Darcy Ribeiro é homenageado pela Funai em razão das comemorações do centenário de seu nascimento.
Foto: Divulgação/Museu do Índio |
A mostra fotográfica “O olhar precioso de Darcy” foi reeditada e lançada pelo Museu na plataforma Google Arts & Culture.
As fotos em preto-e-branco retratam cenas do cotidiano nas aldeias, rituais e tatuagens faciais características da tradição indígena.
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Dividida em quatro partes, a versão virtual da mostra traz fotografias dos povos Kadiwéu, Ofayé e Urubu Ka'apor que conviveram com Darcy Ribeiro durante as pesquisas antropológicas realizadas por ele nas décadas de 1940 e 1950, quando integrou o Serviço de Proteção aos Índios (SPI), órgão que deu origem à Funai. Nesse período, Ribeiro organizou o Museu do Índio, sendo responsável também por redigir o projeto do Parque Indígena do Xingu.
“Ao recuperar uma faceta pouco conhecida do trabalho de Darcy, esta seleção de fotografias reafirma o caráter universal e humanista de sua obra”, destaca a curadoria da exposição na introdução da mostra.
Além das imagens, a mostra traz grafismos do povo Kadiwéu e exemplares da arte Urubu Ka’apor, trechos de correspondências do antropólogo com o SPI e áudios de cantos indígenas registrados por Darcy em campo. Na quarta parte, a mostra traz trechos do filme “Os Índios Urubu: a vida diária numa aldeia indígena da floresta tropical”, filmado por Heinz Foerthmann, com texto do antropólogo.
Grande mestre
Darcy Ribeiro nasceu na cidade de Montes Claros (MG) no dia 26 de outubro de 1922. Em 1946, diplomou-se em Ciências Sociais pela Escola de Sociologia e Política de São Paulo, com especialização em Antropologia. Entre 1947 e 1956, trabalhou para o Serviço de Proteção aos Índios (SPI), onde exerceu o cargo de etnólogo, dedicando-se ao estudo de vários povos indígenas do país. Escreveu uma vasta obra etnográfica e de defesa da causa indígena.
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Com Anísio Teixeira, ajudou a criar a Universidade de Brasília (UnB), sendo seu primeiro reitor. Foi presidente da Associação Brasileira de Antropologia, ministro da Educação e chefe da Casa Civil do governo João Goulart. Educador e romancista, Darcy Ribeiro ocupou uma das cadeiras da Academia Brasileira de Letras (ABL) a partir de 1993.
Em colaboração com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), elaborou um estudo sobre o impacto da civilização nos grupos indígenas brasileiros no século 20. Também colaborou com a Organização Internacional do Trabalho (OIT) na preparação de um manual sobre os povos originários de todos os continentes. Foi organizador e diretor do primeiro curso de pós-graduação em Antropologia do país, sendo professor de Etnologia da Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil entre 1955 e 1956.
Na década de 1970, foi professor de Antropologia da Universidade Oriental do Uruguai e assessor do presidente Salvador Allende, no Chile. Escreveu a obra “Antropologia da Civilização”, pela qual propõe uma explicação das causas do desenvolvimento desigual dos povos americanos. Após o golpe militar no Brasil em 1964, partiu para o exílio no exterior, época em que escreveu os romances “Maíra” e “O Mulo”.
Retornou ao Brasil em 1976, sendo anistiado em 1980. Em 1990, foi eleito senador da República. Darcy Ribeiro também colaborou para a criação do Memorial da América Latina, centro cultural inaugurado na cidade de São Paulo com projeto do arquiteto Oscar Niemeyer.
Fonte: Funai / com informações do Museu do Índio e da ABL