Navio naufragado há mais de 2 mil anos abriga 114 espécies de animais marinhos


O achado foi anunciado em estudo publicado na Frontiers in Marine Science, no dia 10 de dezembro.


Pesquisadores encontraram 114 espécies de animais vivendo em um pedaço de navio naufragado há 2,2 mil anos, durante a violenta batalha entre Roma e Cartago que encerrou a Primeira Guerra Púnica (264 a 241 a.C.).

Navio naufragado há mais de 2 mil anos abriga 114 espécies de animais marinhos

 

O antigo conflito naval ocorreu perto das Ilhas Égadas, no noroeste da Sicília, na Itália. 


A frota da República Romana destruiu a de Cartago, que tinha uma das melhores marinhas da época.


Milhares de anos depois, os seres vivos foram encontrados pelos cientistas habitando o aríete do navio cartaginense, um tipo de prolongamento da proa. 

                                
Navio naufragado há mais de 2 mil anos abriga 114 espécies de animais marinhos
*Visão ampliada de parte do navio lotada de vida marinha (Foto: Istituto Centrale per il Restauro (ICR) - Laboratory of Biological Investigation)

O objeto, apelidado de “Egadi 13”, foi descoberto em 2017, a cerca de 90 metros de profundidade. Ele é feito de bronze, tem cerca de 90 centímetros de comprimento, 5 centímetros de espessura e pesa 170 quilos.


O achado foi conduzido por arqueólogos marinhos da Superintendência do Mar da Região da Sicília, em colaboração com mergulhadores da organização Global Underwater Explorers. 


Como o aríete é oco, o item acumulou organismos e sedimentos por dentro e por fora.


Em 2019, o pedaço de navio foi limpo e restaurado por especialistas. Os animais invertebrados que viviam nele foram coletados, assim como materiais biológicos e alguns blocos de sedimento. 


As amostras seguiram sendo estudadas por experts da Universidade de Roma Tor Vergata e de outros grupos de pesquisa italianos.


Os estudiosos compararam as espécies do aríete com aquelas de habitats do Mediterrâneo, a fim de descobrir como o destroço foi colonizado pelos animais. 


Eles também investigaram como os moradores do objeto poderiam permitir que outras espécies também prosperassem.


Com isso, a equipe notou que o conjunto de criaturas era parecido com aqueles de detritos encontrados em águas mais rasas, em fundos marinhos rochosos e em um tipo de recife. 


Entre os animais detectados, estavam 33 espécies de gastrópodes, 25 espécies de bivalves, 33 espécies de vermes e 23 briozoários.

                                
Navio naufragado há mais de 2 mil anos abriga 114 espécies de animais marinhos
*Pesquisadores tirando amostras de animais marinhos do aríete do navio (Foto: Istituto Centrale per il Restauro (ICR) - Laboratory of Biological Investigation)

Segundo Edoardo Casoli, coautor do estudo, os vermes poliquetas, briozoários e algumas espécies de bivalves prendem suas estruturas diretamente na superfície do aríete. 


Já outros animais, como os briozoários, formam pontes entre estruturas calcárias. E ainda há moradores que não estão presos ao destroço.


Maria Flavia Gravina, que também participou da pesquisa, nota que naufrágios mais recentes que este normalmente têm comunidades de seres vivos menos diversas, compostas por espécies com um estágio larval longo, que se dispersam muito.


“Em comparação, nosso aríete é muito mais representativo do habitat natural: hospedou uma comunidade diversa, incluindo espécies com estágios larvais longos e curtos, com reprodução sexuada e assexuada, e com adultos sésseis e móveis, que vivem em colônias ou solitários”, observa a especialista, em comunicado.


Gravina considera ainda que navios antigos como o de Cartago podem ajudar cientistas como uma ferramenta de amostragem para entender a colonização de espécies. 


Não se trata apenas de um achado arqueológico inestimável, mas também uma janela para os processos biológicos das comunidades marinhas.


*Foto 1: K. Egorov / Società per la Documentazione dei Siti Sommersi – Global Underwater Explorers (SDSS-GUE)



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