Localizada ao norte de Lisboa, Nazaré recebe as maiores ondas do mundo -ondulações gigantes geradas nas tempestades do oceano Atlântico-, a centenas de quilômetros dali.
O que faz com que essas ondas sejam muito maiores na região do que em outros lugares da costa portuguesa é a presença de um cânion submerso, também chamado de canhão – o famoso Canhão da Nazaré.
“Os cânions são formações geomorfológicas normalmente associadas à erosão da terra provocada por um rio.
Em Nazaré, a origem pode ser tectônica, ou seja, a fenda se abriu por algum tremor de terra há milhões de anos”, explica o geólogo Lucca Cunha.
Para entender por que o cânion é importante para a formação das ondas gigantes, é preciso entender o contraste entre o fundo do mar das praias de Nazaré e do Norte.
Na praia de Nazaré está o canhão, com profundidade que varia de 50 metros a quase 5 mil metros.
Enquanto isso, na praia do Norte, o fundo é uma plataforma continental, muito mais rasa.
Devido à profundidade, as ondulações que viajam sobre o Canhão da Nazaré não perdem velocidade e têm sua direção alterada.
Já as ondulações que viajam sobre a plataforma continental perdem velocidade e não sofrem alteração de direção.
Ambas se encontram em frente ao Farol da Nazaré, a 200 metros da praia. Essa junção faz com que o pico levante ainda mais, fator principal para as condições massivas em Nazaré.
“Uma onda arrebenta quando a altura se torna maior do que a profundidade, e Nazaré é perfeito para isso, já que a transição é repentina e as ondas chegam até a costa ainda muito altas”, diz Lucca sobre outro fator que contribui para o tamanho da onda.
“Além disso, há a corrente de retorno de água, que acontece em frente ao Cabo como um impacto muito poderoso”.
Ou seja, uma junção de muitos fatores naturais fazem de Nazaré um pico muito especial para o surfe de ondas grandes.
E é por isso que nessa época vários surfistas de todas as partes do mundo fazem do vilarejo suas casas e ficam à espera das ondas massivas.
Sempre que o inverno europeu se aproxima, aumenta a expectativa pelas ondas gigantes de Nazaré.
Os melhores surfistas do planeta passam por lá e proporcionam quebras de recordes todos os anos.
Créditos: Instituto Hidrográfico - Marinha Portuguesa