Os
cientistas analisaram mais de 55 mil sílabas produzidas, encontrando
nos morcegos características universais do balbucio de bebês humanos.
Um estudo publicado na revista "Science" revelou que bebês de morcego balbuciam da mesma forma que humanos.
O balbucio é crucial para os bebês humanos que desenvolvem o controle de seu aparelho vocal, necessário para a fala.
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O estudo indica que o mesmo se aplica aos morcegos da espécie Saccopteryx bilineata, nativos da América Central.
"Crianças parecem balbuciar para interagir com seus cuidadores, mas também o fazem quando estão sozinhas, aparentemente felizes em explorar sua voz, e isso é o mesmo que fazem os nossos morcegos", disse à AFP Mirjam Knornschild, coautora do estudo e funcionária do Museu de História Natural de Berlim.
Os morcegos se comunicam por ultrassom - frequências de som que não podem ser ouvidas pelo homem -, mas também podem emitir sons audíveis para as pessoas. "Parece um chilreio agudo aos nossos ouvidos... é melódico", observou Mirjam.
O balbucio de cerca de 20 bebês morcegos foi gravado em florestas da Costa Rica e do Panamá entre 2015 e 2016, pela pesquisadora Ahana Fernández, também ligada ao Museu de História Natural de Berlim.
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Os mamíferos possuem laringe e começam a balbuciar cerca de três semanas após o nascimento, por sete a 10 semanas.
Durante esse tempo, um morcego passa cerca de 30% do dia balbuciando, em sessões que duram, em média, sete minutos, calcularam os pesquisadores.
Um deles, no entanto, balbuciou por 43 minutos, um intervalo longo, sendo que os adultos geralmente se comunicam em poucos segundos.
"É algo realmente peculiar, que outras espécies de morcegos estudadas simplesmente não fazem", destacou Mirjam Knornschild.
"Cada sílaba tem uma forma específica e elas são facilmente distinguíveis", acrescentou a pesquisadora.
Os cientistas analisaram mais de 55 mil sílabas produzidas, encontrando nos morcegos características universais do balbucio de bebês humanos, como repetições e falta de sentido, mas também um certo ritmo dos sons.
Como acontece com os humanos, sua curva de aprendizado não é linear. Os jovens morcegos ainda não dominam as 25 sílabas do repertório adulto na fase do desmame, o que sugere que eles continuam aprendendo depois.
Muito poucas outras espécies balbuciam. Apenas alguns pássaros, duas espécies de sagui e, possivelmente, alguns golfinhos e baleias beluga.
"Navegar e se comunicar na escuridão, em um ambiente escuro em três dimensões, parece ser uma grande motivação para aprender a vocalizar", aponta Mirjam.
Mas independentemente do motivo, os pesquisadores destacam que o desenvolvimento de um sistema vocal complexo abre um leque de possibilidades, como mostram os humanos e os morcegos.
Imagens: Estadão de Minas/Nature
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