20 mergulhadores participaram da 1ª expedição, de cinco previstas, com o objetivo de retirar os invasores do oceano.
Além de ter uma proliferação muito rápida, o invasor, Coral-sol, tem afetado a biodiversidade do litoral pernambucano e é considerada uma praga por desequilibrar o crescimento de outros animais.
"Ele ataca os corais naturais e os mata. Com isso, acaba criando um desequilíbrio que pode desencadear a mortandade das espécies que são naturais aqui do nosso litoral e também diminuir a capacidade de reprodução dos peixes", explicou o secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Pernambuco, José Bertotti.
A espécie tem o nome de coral-sol devido às cores vibrantes que possui.
É um tipo de coral encontrado principalmente no Arquipélago de Fiji, no Oceano Pacífico.
O processo de retirada é demorado e exige um trabalho braçal de remoção.
Na primeira etapa, a força-tarefa durou seis horas e conseguiu retirar cerca de 20 quilos de colônias do navio, que foram colocados em sacos especiais capazes de conter as larvas dispersas pelo coral.
Segundo o governo estadual, o trabalho foi realizado a 26 metros de profundidade.
O biólogo da Universidade de Pernambuco (UPE) Múcio Banja explica qual é a provável origem da espécie no litoral pernambucano:
"Muito provavelmente foi a partir desse processo de embarcações ou de plataformas contaminadas que, ao passarem no largo da nossa costa, devem ter dispersado as larvas.
As larvas se desenvolveram nas embarcações mais recentes por terem uma superfície de fixação mais disponibilizada do que os naufrágios mais antigos".
Segundo o coordenador do projeto Conservação Recifal, Pedro Pereira, a rápida proliferação da espécie é o que mais preocupa os especialistas.
Virgo foi a primeira embarcação onde o coral foi visto no estado, ainda em janeiro de 2020.
"A gente tem naufrágios hoje em dia com quase 50% da cobertura total do seu casco tomado pelo coral-sol.
A gente decidiu que agora chegou o momento que a gente tem que investir mais em ação de remoção", disse.
As expedições fazem parte de um plano de ação da secretaria para combater a espécie no litoral pernambucano.
Um documento da Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Pernambuco (Semas) previu cinco etapas: diagnóstico, remoção, monitoramento, comunicação e normas.
Um decreto foi editado para normatizar esse processo.
As embarcações Walsa, Bellatrix, São José e Phoenix, todas naufragadas no litoral pernambucano, também devem receber a expedição.
Além do período de remoção dos corais, a secretaria pretende inspecionar navios que atracarem no estado, para verificar a contaminação dos cascos deles pela espécie.
"O intuito é tentar minimizar os impactos e colaborar com a ciência de um modo geral. É um trabalho árduo", declarou o mergulhador voluntário Max Glegiston, que participou da expedição ao navio Virgo.
Pedro Pereira ressaltou a importância da consistência dessas expedições, já que a erradicação da espécie é difícil.
"Existem locais em que a guerra persiste há décadas e ainda não foi vencida, então a gente tem que trabalhar forte, conseguir recursos, conseguir apoio de diversas fontes e não parar essa batalha".
Foto: Pedro Caldas/Semas