Bioinvasão - Entenda porque o peixe-leão ameaça biodiversidade do Atlântico


          


As espécies invasoras marinhas podem, sem dúvida, extinguir as espécies nativas. A inclusão deste novo organismo causa grandes perturbações. Como eles não têm predadores no novo ambiente, a proliferação ocorre muito rápido e a competição por alimento leva a extinção de populações de espécies nativas, o que empobrece a riqueza da biodiversidade e afeta o funcionamento de todo o ecossistema.

Na costa brasileira, tem histórico de aparições iniciais no Pará e em Fernando de Noronha, e recentemente, a espécie já avançou para a costa de Recife-PE.

O Ministério do Meio Ambiente precisou lançar uma campanha no ano passado para alertar banhistas e pescadores sobre os riscos apresentados por uma espécie invasora.

A recomendação para banhistas é a de não tocar nos peixes, pois os espinhos de suas nadadeiras podem inocular veneno que causa dor, náusea e convulsões; Aos pescadores, o Ministério recomenda que o animal não seja devolvido à água caso seja capturado e se possível, o pescador deve encaminhar o animal para o ICMBio da sua região. Já os mergulhadores, devem informar o ICMBio o mais rápido possível sobre o local do avistamento da espécie, com dados sobre a profundidade. Deve-se anotar o nome do local e, se possível, fotografar o peixe.
                            
Bioinvasão - Entenda porque o peixe-leão ameaça biodiversidade do Atlântico

Monitorar e remediar esses processos de invasão já é extremamente difícil em ecossistemas terrestres, que são amplamente estudados e acessíveis. Portanto, quando a bioinvasão ocorre no ambiente aquático, sobretudo nos oceanos, ela apresenta uma série de desafios adicionais.

Os ecossistemas marinhos são extremamente variados e, ainda assim, interligados. Pequenas mudanças de latitude, longitude e profundidade causam grandes alterações em fatores abióticos como salinidade, temperatura, pH, luminosidade, concentração de oxigênio e CO2 dissolvidos e matéria orgânica presente.

Assim, fica definido que se uma espécie marinha atinge um local antes inacessível por sua própria capacidade motora, ela está potencialmente causando uma bioinvasão.

Bioinvasão mediada por elementos da natureza

Podemos citar aqui a ocorrência de desastres naturais, como tufões e tsunamis, como agentes propagadores de espécies invasoras.

Além disso, as próprias correntes marinhas que circulam por todo o globo podem atuar como dispersores de espécies exóticas, carregando ovos e larvas para longe de seu local natural de ocorrência.

Um outro tipo de mecanismo dispersor são as balsas naturais. Estas nada mais são do que restos de estruturas vegetais ou animais que são deslocadas pela maré e carregam organismos aderidos capazes de sobreviver e povoar outros locais.

Bioinvasão mediada pela ação humana 

Bioinvasão - Entenda porque o peixe-leão ameaça biodiversidade do Atlântico

A água de lastro
Os navios transportam dentro de si toneladas de litros de água de um local para o outro, a chamada água de lastro, que é usada para balancear o peso do navio.

 
A legislação de diversos países obriga os navios a liberar as águas de lastro longe de suas costas, mas ainda assim ela pode potencialmente transportar espécies invasoras.


Além disso, muitos organismos são capazes de sobreviver aderidos na estrutura externa dos navios, migrando milhares de quilômetros além de sua área de vida natural.

Aquários

 
Bioinvasão - Entenda porque o peixe-leão ameaça biodiversidade do Atlântico

Essa atividade pode levar espécies exóticas de um local para o outro e, acidental ou intencionalmente, estas podem ser liberadas nos corpos d’água.

Mexilhão-dourado invade a costa brasileira 

 




A fim de exemplificar os efeitos de uma bioinvasão marinha, podemos citar a chegada do mexilhão-dourado vindo do sudeste asiático para o Brasil.
Trazido pela água de lastro de navios cargueiros, esse invertebrado hoje ocorre em grandes extensões da costa brasileira, causando a exclusão e redução de espécies nativas de mexilhões e mariscos que possuíam grande valor econômico para as comunidades caiçaras.

Bioinvasão por plásticos e outros lixos



Os oceanos são invadidos constantemente por diferentes tipos de resíduos, entre os mais danosos destacam-se os plásticos e os restos de equipamentos de pesca. 


Ambos têm a capacidade de acabar com os oceanos e a vida marítima de diferentes maneiras, uma delas é transportando bioinvasores.

 
Mexilhões de espécie japonesa, cracas e algas marinhas sobreviveram por seis anos em uma jornada pelo Oceano Pacífico e chegaram, não apenas vivos, mas prontos para se reproduzir nos EUA.



Uma saga de seis anos à deriva até chegar no litoral dos EUA. Foto: nationalgeographic.com

Pesca  

 
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Por fim, a própria pesca e a aquicultura podem representar riscos de bioinvasão quando dispersam organismos vivos usados como iscas em locais fora de sua zona de ocorrência ou quando criam em cultivos no mar aberto espécies exóticas importadas.



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