Porta-aviões chinês chegou ao Mar da China Meridional um dia depois de encerrados os exercícios militares de forças americanas na região
A chegada do porta-aviões Liaoning ao mar da China Meridional ocorreu depois que um grupo de ataque expedicionário da Marinha dos EUA, liderado pelo porta-aviões USS Theodore Roosevelt e pelo navio de assalto anfíbio USS Makin Island, realizaram exercícios na região um dia antes.
O jornal estatal chinês Global Times disse no domingo (11) que o primeiro porta-aviões do país, o Liaoning, navegou no Mar da China Meridional no sábado, após completar uma semana de exercícios navais em torno de Taiwan.
Não houve anúncio oficial da posição de Liaoning, mas o tabloide chinês reproduziu imagens de satélite publicadas pelo veículo americano The War Zone que trata de questões militares.
Os dois navios de guerra dos EUA foram acompanhados por um cruzador, destróieres e navios anfíbios menores.
As embarcações também transportaram centenas de forças terrestres da 15ª Unidade Expedicionária da Marinha americana, além de helicópteros de apoio e caças F-35.
"Essa força de ataque expedicionária demonstra plenamente que mantemos uma força preparada para combate capaz de responder a qualquer contingência, evitar agressões e fornecer segurança regional e estabilidade para um Indo-Pacífico livre e aberto", disse o capitão da Marinha dos Estados Unidos, Stewart Bateshansky, do Esquadrão Anfíbio 3, em um comunicado.
O Global Times apresentou a opinião de um especialista militar chinês, Wei Dongxu, dizendo que os exercícios da Marinha americana foram uma provocação.
Os exercícios do transportador chinês "podem estabelecer posições defensivas marítimas mais amplas, salvaguardar as regiões costeiras da China e manter as atividades militares dos EUA sob controle", diz o texto, que cita Wei.
Mas um analista norte-americano descreveu a presença de Liaoning no mar da China Meridional como normal durante a primavera, quando as condições climáticas favorecem o treinamento.
"O Liaoning vai até lá nesta época do ano [para praticar] defesa aérea e treinamento real de fogo", disse Carl Schuster, ex-diretor de operações do Centro de Inteligência Conjunto do Comando do Pacífico dos EUA.
Exercícios conjuntos EUA-Filipinas
Nesta segunda-feira (12), mais de 1.700 soldados dos EUA e das Filipinas iniciaram exercícios militares por duas semanas, informou a Reuters, citando o chefe militar filipino, tenente-general Cirilito Sobejana.
Os exercícios se concentrarão em testar a prontidão das tropas americanas e filipinas para responder a eventos como ataques extremistas e desastres naturais, disse o relatório.
Eles acontecem depois que o secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, propôs a seu homólogo em Manila, Delfin Lorenzana, maneiras de estreitar os laços entre os militares dos EUA e das Filipinas, disse um comunicado do Pentágono.
As propostas incluíam maneiras de "aumentar a consciência sobre eventuais ameaças no Mar da China Meridional" e vêm depois da "recente concentração de navios militares da República Popular da China nos recifes de Whitsun ", na zona econômica exclusiva das Filipinas nas Ilhas Spratly.
Washington e Manila estão amarrados por um tratado de defesa mútua, que autoridades disseram que poderia entrar em cena no caso de qualquer ação militar chinesa contra navios do governo filipino em torno do recife de Whitsun.
O secretário de Relações Exteriores das Filipinas, Teodoro Locsin Jr. postou no último sábado (10) que trabalhará para que qualquer ataque a navios civis dos filipinos acione o pacto de defesa mútua, informou a CNN Filipinas.
Os comentários de Locsin foram feitos depois que uma equipe de notícias filipina disse na semana passada que seu barco fretado foi perseguido por barcos de guerra chineses enquanto se aproximava de um banco de areia na área disputada de Spratly, de acordo com a reportagem da CNN Filipinas.
A China reivindica quase todo o Mar da China Meridional de 1,3 milhão de milhas quadradas como seu território, enfrentando reivindicações das Filipinas e de outras nações.
Nos últimos anos, Pequim transformou regiões disputadas em ilhas artificiais com a instalação de fortalezas militares.
Pequim acusa Washington e outras marinhas estrangeiras de alimentar tensões na região, enviando navios de guerra como o atual grupo expedicionário liderado pelo porta-aviões Roosevelt.
Tensões em Taiwan
As tensões se estendem até as margens do nordeste do Mar da China Meridional, onde fica a ilha de Taiwan.
Pequim reivindica a ilha democrática e autogovernada de quase 24 milhões de habitantes como seu território, embora os dois lados tenham sido governados separadamente por mais de sete décadas.
O presidente chinês, Xi Jinping, prometeu que Pequim nunca permitirá que Taiwan se torne formalmente independente e se recusou a descartar o uso da força, se necessário, para unificar a ilha com o continente.
Antes de se mudar para o Mar da China Meridional no fim de semana, o porta-aviões chinês Liaoning vinha exibindo sua força militar em Taiwan na última semana, segundo a mídia estatal chinesa.
O Exército de Libertação do Povo flanqueava Taiwan com o Liaoning e suas escoltas operando no Oceano Pacífico a leste, além de aviões de guerra a oeste, fazendo incursões na zona de defesa aérea autodeclarada de Taiwan.
Analistas disseram que os exercícios foram um aviso a Taipei e Washington de que Pequim não toleraria nenhum movimento pela independência de Taiwan e estava preparada para agir militarmente para evitar que isso acontecesse.
O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, disse, no domingo, que Washington mantém o compromisso de defender Taiwan.
"O que é uma preocupação real para nós são as ações cada vez mais agressivas de Pequim contra Taiwan", disse Blinken no programa Meet the Press, da NBC.
"Temos um sério compromisso em ajudar Taiwan a se defender. Temos um sério compromisso com a paz e a segurança no Pacífico Ocidental. E, neste contexto, seria um grave erro alguém tentar mudar essa realidade pela força", disse Blinken.
(Este texto é uma tradução. Para ler o original, em inglês, clique aqui)